Vigiar e Punir… Nas Empresas

Você sempre será observado nas empresas. Tenha a consciência disso!
Foucault retratava em seu livro “Vigiar e Punir”, uma sociedade punitiva e excludente, a marginalização do criminoso e cria uma ideia de seleção natural dentro da própria sociedade humana. Nesta seleção natural humana, os que estejam mais condizentes com o padrão social, são os que vão prevalecer, porém, esta regra funciona apenas na teoria, pois na prática, é totalmente diferente. Diversas ideologias e estilos predominantes viveram na clandestinidade dos padrões sociais passados. Clandestinidade, o que eu digo, nem sempre significa ser criminoso, mas significa ser absurdo. Logo, as pessoas que seguiam tais filosofias absurdas no passado (embora aceitável hoje em dia), são consideradas loucas, rebeldes ou aberrações. E estas pessoas, assim como os criminosos, vivem a margem da sociedade. Todo esse processo é feito com a vigilância constante e privações de certas liberdades, para sustentar um complexo sistema que rege sobre uma sociedade.

Logo, em empresas, a realidade não é diferente. Sistemas de vigilância e controle utilizadas pelas empresas, por várias vezes, chegam a ser um pavor para colaboradores. A desconfiança sumária e a obsessiva necessidade de controlar é tanta que afeta a motivação dos mesmos funcionários. Isso faz com que grandes talentos sejam desperdiçados, por conta de comportamentos e atitudes mesquinhas, seja por parte dos colaboradores, seja por parte dos gestores. Em outras palavras, o bom funcionário é demitido por coisas bobas, enquanto os excelente funcionário, por coisas ridículas. Essa regra, infelizmente é válida em muitos ambientes corporativos, porque os próprios sistemas de vigilância e controle e principalmente os usuários destes sistema (geralmente gestores de empresas) , se burocratizaram, e com isso, se tornou ainda menor, a capacidade de retenção dos talentos e conhecimento, gerando uma alta rotatividade do pessoal, o que pode ser bastante desvantajoso para a organização, pois rotatividade, gera custo.

Essa grande necessidade ou obsessão de “vigiar e punir”, é comum em empresas, onde o funcionário é visto simplesmente um recurso, ou um número, já que os recursos são dispensáveis e os números podem ser ignorados. Logo, a realidade é diferente em empresas, onde o funcionário é visto como colaborador ou parceiro (na prática, pois muitas empresas falam isso e nunca as põem em prática). Nestes ambientes, a relação é baseada na confiança, logo, a quebra da confiança é sempre prejudicial. Mesmo assim, nada impede que haja um certo controle e vigilância dentro deste mesmo ambiente, mas não obsessiva.

As empresas devem crer que acessar sites que não sejam relativos ao trabalho, não sejam um motivo para a queda da produtividade. O funcionário contratado pela empresa tem a consciência do que está fazendo por lá, e, devem mostrar trabalho, ou seja, se a produtividade é satisfatória. Produtividade como quero dizer, é ter a capacidade de realizar as tarefas dentro do prazo e com qualidade (não perfeição). Ficar um tempo para olhar sites ou redes sociais, com responsabildade, não atrapalha na questão de produtividade, segundo os termos. Foco é importante para que a tarefa ser executada com sucesso, mas às vezes é preciso olhar para além do que está do foco. É como um mergulhador, que depois de um certo tempo, precisa ir a superfície para respirar. Há momentos em que durante esta distração, consiga encontrar a peça-chave que o leve ao sucesso.

Por outro lado, é preciso dar a liberdade do colaborador inovar e criar soluções que possam facilitar o dia-a-dia, pois é em ações como estas que grandes talentos brilham. É importante que o gestor saiba ouvir os colaboradores e que possa haver um debate que estimule o crescimento da empresa, mas o gestor não deve procurar sempre ter a palavra final. Tem de desenvolver um espírito de equipe, e todos tem de ganhar.
Por fim, a obsessão pelo controle, vigilância e produtividade faz com que o ambiente de trabalho seja venenoso, que pode influenciar até na vida particular do funcionário. Um gestor que respeita o funcionário e valoriza-o, gerando o espírito de equipe é sempre um líder, do contrário, é um chefe. Os chefes têm mais a ganância pela produtividade, pelo controle e pela absoluta vigilância. Procuram ser onipresentes apenas para punir quem não está indo de acordo com sua suprema vontade, ou seja, uma vírgula fora do que exatamente ele quer, é motivo do funcionário ser assediado moralmente. Já os líderes têm mais a ganância por resultados e metas. Os líderes já são onipresentes por natureza é vai a frente da batalha, lutando junto com seus soldados.
E para encerrarmos o assunto, segue abaixo, uma historinha para distrair:




“Vigiar e Punir” ou “Observar e Educar”?

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Analista de Sistemas e Escritor

Uma pessoa que está sempre disposta a acreditar nos sonhos, no amor e na felicidade até as últimas consequências. Sou proprietário e editor-chefe do Baú do Valentim.

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