Considerações Sobre a Castidade

A castidade é o domínio sobre o corpo, sobre a sua intimidade, não a renúncia da sexualidade.
A castidade é o domínio sobre o corpo, sobre a sua intimidade, não é simplesmente a renúncia da sexualidade.

A castidade foi por muitos anos, um tema muito polêmico, especialmente em regiões dominadas por instituições religiosas, como o catolicismo e islamismo, por exemplo, estas mesmas instituições que implantam leis e regras sobre praticamente toda vida sexual do indivíduo, dentre elas, proíbe qualquer tipo de relacionamento sexual fora do matrimônio. Atualmente, o homem contemporâneo, cada vez mais distante de doutrinas religiosas, está deixando de lado este conceito de castidade religiosa, o que podemos ver comumente, jovens tendo relações sexuais cada vez mais cedo, bem antes de completar a maioridade civil. Há casos de atos sexuais ainda na infância, sendo consentido ou não. Fala-se muito em sexualidade desenfreada na juventude de hoje, mas esquece-se do fato em que as pessoas antigamente se casavam muito cedo, a maioria, antes de completar seus 15 anos. E por falar nisso, vale lembrar que as festas de 15 anos naqueles tempos, era pra mostrar que a jovem estava apta a se casar, não simplesmente se tornar uma mulher, ainda que a sociedade moderna não a considere.

A minha intenção central não é contar a história da castidade, mas falar da própria castidade em si. Castidade é nada mais do que se guardar para ato sexual com a pessoa certa e no momento certo, o que segundo as instituições religiosas, seria no casamento com seu esposo. Ainda assim, não creio que o melhor momento tem que ser o casamento. Se assim fosse, não haveria divórcios, por mais que a sociedade, por meio de instituições religiosas, queiram proibir e punir quem se divorcia. Eu penso que o momento certo, é quando a pessoa está confiante consigo mesma e com o seu amado, para poder se entregar ao mais completo amor, pois não é só o físico que fica envolvido neste belo ato.

Não há indignação, nem acho errado transar fora do matrimônio, ainda mesmo no namoro, ou ainda mesmo na amizade (o que chamamos de sexo casual). Nem existe problema nenhum em transar com a pessoa no primeiro encontro. O que importa, é ter a consciência de que compartilhar da sua intimidade com outra pessoa, uma coisa só sua, deve ser de extrema importância e não como forma de esporte, para poder se mostrar aos outros, que pode transar com o maior número de pessoas possíveis e imaginárias. Uma pessoa de valor não distribui a sua intimidade para qualquer um, a sua intimidade deve ser acima de tudo um prêmio. Os maiores tesouros, são aqueles que estão bem ocultos e guardados.

Mas e as que amostram sua nudez através de fotos e vídeos de internet? Como tenho dito, isso não foge à questão. Mesmo as que mostram sua nudez por meio de fotos e vídeos de internet, do meu ponto de vista (não o religioso), elas estão praticando a castidade, do jeito delas. O fato de mostrar seios e vagina pela internet não quer dizer que elas estavam transando com todos que ali veem. Para haver mesmo uma transa, é preciso sim, haver um contato, ainda que seja apenas verbal. Ali era apenas uma amostra, demonstração. É como se uma pessoa colocasse um iPhone numa vitrine, onde todos possam ver, mas só quem tem condições de obter, é quem pode usar. O mesmo se vale da pornografia na internet e outras mídias, como nas impressas, por exemplo. Ratificando o que disse, quando não há contato mútuo, não há uma transa, ou seja, não ocorreu o sexo.

Logo, não existe tempo certo pré-determinado em que uma pessoa deve ter relações sexuais com uma pessoa amada ou não, já que o ideal seja com a pessoa com quem tem um grande afeto. Fala-se muito em guardar a virgindade, para o verdadeiro amor de sua vida. Mas te digo que é quase impossível acertar o primeiro romance com o amor verdadeiro logo de primeira, mas acontece e ainda é raríssimo. Isso é praticamente a mesma probabilidade de acertar mais de uma vez, todas as dezenas da mega-sena acumulada muitas vezes. O mais comum, é a gente acabar transando com seu namorado, achando ser a pessoa certa, e logo depois, vir as decepções, e logo depois de ter entregado a sua virgindade. Quantas vezes convivemos com o amor de nossas vidas, e bate um pouco de tristeza de que deveria ter entregue a sua virgindade para aquela pessoa?

Portanto, não podemos confundir castidade com celibato (essa confusão é muito comum entre os cristãos). Castidade não é a ausência, abandono voluntário do sexo, mas a forma em que você dirige a sua sexualidade, a forma com que você lida com a sua intimidade, se aquela pessoa é digna de ter sua intimidade revelada ou compartilhada, ou ainda ser sentida. Já o celibato sim, que é a renúncia da vida sexual. Mesmo as pessoas que tenham a sexualidade muito ativa, praticam a castidade, pois a mesma castidade é a regra que você mesmo impõe com a sua intimidade, através do exame de sua consciência e de seus sentimentos. Castidade é a base do respeito, de onde o respeito tem de começar de si mesmo, pois quem não sabe respeitar a si mesmo, dificilmente respeitará o próximo, o que dificilmente, terá respeito de terceiros.
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Analista de Sistemas e Escritor

Uma pessoa que está sempre disposta a acreditar nos sonhos, no amor e na felicidade até as últimas consequências. Sou proprietário e editor-chefe do Baú do Valentim.

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