O Fenômeno da Orkutização – Parte 2

Esta colheita tem tirado a felicidade de muita gente, e como tirou!
Esta colheita tem tirado a felicidade de muita gente, e como tirou!

Com a queda da popularidade do Orkut e até mesmo de sua credibilidade, eis que surge na moda, uma nova rede social chamada Facebook, que não era nem tão nova assim, quando a mesma rede social ganhou os holofotes da mídia. A rede foi lançada praticamente 1 mês depois do Orkut, por Mark Zuckerberg, em fevereiro de 2004. No começo era restrito a apenas a estudantes universitários dos Estados Unidos e mais tarde, de outros países. Dois anos depois da criação, o Facebook passou a ser utilizado por estudantes secundaristas (ensino médio, colegial, ou 2º grau). Os usuários eram agrupados por instituições de ensino ou regiões geográficas. Também era restrito a apenas a usuários maiores de 13 anos de idade. Até então, o Facebook era uma rede social estudantil e tinha características comportamentais bastante louváveis, por parte dos seus usuários.

Por volta de 2008, o Facebook foi além dos ambientes escolares e passou a ser usado amplamente por usuários de todos os tipos. Até lá, o Facebook era um “paraíso virtual”, como era nos primórdios do Orkut, como tenho dito no artigo anterior. Foi nessa mesma época que o Facebook ganhou visibilidade pela mídia e, por consequência, a massificação popular da rede social, ou seja, o início da orkutização do Facebook. Ainda em 2008, uma outra rede social, onde as postagens são limitadas a 140 caracteres, chamada Twitter, também ganha visibilidade. A rede, criada em 2006, por Jack Dorsey, se tornou uma importante ferramenta de comunicação dos usuários, onde os mesmos podem postar livremente. Com a ideia de “o que está acontecendo”, ela passou a ser uma rede bem ativa, podendo servir para várias coisas e ainda influencia significadamente no “mundo real”, conforme eu disse neste artigo.

Logo, o twitter se tornou uma ferramenta, digamos viciosa, e ao mesmo tempo, torna as pessoas ativas e fluentes, o que derruba o conceito de “formadores de opinião”, em que a mídia geralmente endeusava. Mesmo o Twitter, onde até então, reunia uma gama de intelectuais de vários níveis (ainda que desconhecidos pela mídia), também sofreu com o fenômeno de orkutização. Quando o twitter ganhou a visibilidade da mídia, muitos twitteiros reclamavam da exposição da rede social, pois isso atraía o grupo de orkuteiros para prejudicar a mesma rede social. A massificação é sempre positiva, mas também é negativa, pois dá espaço para as mesmas pessoas que tornaram o Orkut, uma rede social decadente e sem graça para a maioria dos bons usuários que usavam a rede nos seus primórdios.

O curioso, é que com o sucesso do Facebook, o Orkut também passa a incorporar recursos da rede social concorrente, como forma de atrair os antigos usuários do Orkut, especialmente os da velha guarda, mas o tiro saiu pela culatra e o Orkut se tornou ainda mais invasivo, pois isso aumentou os incômodos citados no artigo anterior. Como o Orkut passou a imitar o Facebook, a rede passou a ter as mazelas que eram exclusivas da rede de Mark Zuckerberg. Dentre elas, estão o excesso de convites para jogos e aplicativos, aliás, nem todos estão ali para jogar, ou fazer uma colheita feliz. Entre outras mazelas do Facebook, incluem-se eventos insignificantes e outras ideias que só servem para trazer incômodos. Alguns desses “eventos”, virou até post deste blog, que eu fiz para simplificar e incentivar as pessoas a não fazerem mais isso. Fora os convites para promoções que são frequentes. Apesar de haver uma forma de bloquear esses convites para jogos e aplicativos, os incômodos chegam a ser impertinentes, e causam as mesmas insatisfações que eram comuns no Orkut.

Com Twitter, não foi diferente. Vamos citar primeiramente, uma onda de indicações vazias, somente para ter seguidores. Isso começou com uma brincadeira saudável, chamada #FollowFriday, onde as pessoas indicavam seus amigos e muitos até ganham seguidores, o que era uma brincadeira normal. Com tempo, certas pessoas passaram a exagerar nessa brincadeira, que antes era restrito às sextas-feiras, passou a ser diário e até então abusivo. Isso dá impressão de que o twitter deixou de ser um lugar de debate e reservado apenas para indicações, o que não é nada louvável. Isso sem falar de pessoas que pedem para serem seguidos, apenas para fazer números, ou seja, o mesmo problema que ocorria no Orkut, com o intuito de ser popular. Com isso, o twitter, assim como outras redes sociais, passaram a ser competição de popularidade e não o principal intuito destas, que é socializar.

Então vem as novas redes sociais como Google Plus, uma nova rede social do Google, que não vem para substituir o Orkut (ainda bem), e não vai demorar muito pra ela sofrer essas mesmas citadas mazelas. Não importa quão boa é uma rede social, se os usuários não forem educados em usar estas redes, ao invés de socializar, de nada adianta, pois os problemas irão permanecer, entrando a rede e saindo a rede social. Sempre vai haver pessoas que querem mesmo ter seus 15 minutos de fama, e serem idolatrados, sem nenhuma consequência e escrúpulos, causando incômodos, logo, o problema não é a rede em si, em sim, as pessoas que usam, pois são as pessoas que fazem as redes sociais.

Seguir Fábio Valentim:

Analista de Sistemas e Escritor

Uma pessoa que está sempre disposta a acreditar nos sonhos, no amor e na felicidade até as últimas consequências. Sou proprietário e editor-chefe do Baú do Valentim.

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