Explorando o Admirável Mundo Novo

“Não existe civilização sem estabilidade!” (Mustafá Mond, personagem do citado livro)

No futuro vamos ser mais humanos ou mais robôs?
No futuro vamos ser mais humanos ou mais robôs?

Em primeiro lugar, comento que foi um privilégio ter lido uma obra magnífica obra literária de Aldous Huxley, um grande escritor que escreveu um romance futurista, que leva o nome, que é o título deste texto. É um livro escrito na década de 1932, que ainda hoje é atual e ainda podemos imaginar o nosso futuro. O mais curioso disso tudo, é que alguns dos acontecimentos futuristas para época, especialmente os que foram citados no livro, já acontecem nos dias atuais, estes acontecimentos que vou detalhar em outro texto. O livro em si, nos apresenta um mundo frio, higiênico, civilizado e politicamente correto. Um mundo onde se valoriza a felicidade coletiva e a produtividade, para continuação da espécie, ainda que totalmente mecanizada. Uma sociedade onde é fácil manipular a população e a educação é de forma alienadora, uma lavagem cerebral, por assim dizer, e isso era indispensavelmente necessário para manter a estabilidade da civilização.

Com essas características, tenho uma notícia para comunicar a todos. Estamos caminhando para este Admirável Mundo Novo, todos nós. Um mundo onde Deus e a fé que nos sustentou por milênios, será apagada de nossas vidas. Será uma geração de Nietzsches, que gritam ao mundo que “Deus está morto”, e que temos que idolatrar personalidades como Henry Ford, Sigmund Freud, Steve Jobs[1], Bill Gates[1], entre outros. Uma sociedade onde as emoções são totalmente esquecidas, pois as mesmas emoções serão vistas como um mal, tanto que os poemas são proibidos de serem lidos nesta sociedade pura e perfeita, como muitos dizem. Pelas emoções não serem precisas serem expressadas, logo, não existem relacionamento afetivos, como namoro, casamento e família. Sim, a família deixa de existir, pois a sociedade é constituída de pessoas geradas em laboratório, em incubadoras, de maneiras artificiais. Não existe pai, mãe e filhos, é uma coisa arcaica e ultrapassada, e é considerado uma blasfêmia, só de pensar nisso. Diria numa linguagem popular, que no futuro, haverá uma geração de “filhos de chocadeira”.

Em uma sociedade fria e morna, como devem ser compensados prazeres da vida, especialmente em uma sociedade, onde o conceito de família é inexistente? O prazer é compensado na adoção do sexo por sexo, unicamente por orgasmos. Amizades coloridas, como chamamos, são muito comuns e ninguém pode ter um compromisso amoroso entre um e outro. “Namoros” duram poucos dias, e não devem nem durar muito, para evitar o apego entre um e outro. Brincadeiras eróticas são comuns até entre crianças e já aprendem as malícias da sexualidade do mundo adulto. Tudo em nome do prazer, pois o amor é até inapropriado, pois chega a ser poético falar deste assunto e como tenho dito, poemas são proibidos.

É uma geração controlada por drogas, drogas que mexem com a personalidade da pessoa, com os sentimentos e sensações. Você pode tomar um comprimido para se apaixonar por alguém, como você pode tomar um comprimido para esquecer aquela pessoa com quem teve uma relação e logo não sentirá dores de uma paixão perdida. Tudo uma questão de lógica, puramente uma lógica. Um comprimido para não ficar mais com raiva ou um comprimido para controlar a ansiedade ou pra não ficar triste. Uma civilização onde todos são felizes, graças ao soma, uma droga perfeita que mantém na mais pura felicidade. Ninguém vive sozinho e cada um pertence a todos.

Não será preciso estarmos plugados na Matrix, pois as drogas que nos controlam nos tiram da realidade.

 

Neste mundo, constituído por castas e organizadas de forma para que as pessoas sejam felizes em viver trabalhos forçados e humilhantes para seres humanos, uma geração de pessoas felizes, feitas para serem exploradas ao extremo e humilhadas pelas castas superiores, uma casta totalmente inatingível. É no admirável mundo novo que existe uma sociedade perfeita. Uma sociedade onde não existe afetividade e muito menos os direitos individuais. Você passa a ser escravo mental e físico do sistema que lhe foi imposto, antes mesmo de nascer, pois o próprio nascimento (digo, decantação) é um ato artificial e frio criado por este sistema.

Neste Admirável Mundo Novo, vamos nos impressionar pela avançada tecnologia com máquinas e aparelhos, mas também deixaremos de ser humanos, pois toda a liberdade nos foi tirada. Deixamos de ser humanos para nos tornar escravos do sistema, onde todos os comportamentos são vigiados e controlados e pela força das drogas ou da violência, aceitamos e ficaremos felizes em sermos maquinas biológicas, apenas máquinas, nada mais que isso. Tudo em nome da estabilidade, pois não haverá civilização sem estabilidade. E como sabemos, não estamos muito longe deste mundo, em que a cada dia que passa, ele cada vez mais se aproxima.

[1] Steve Jobs e Bill Gates não foram citados no livro, obviamente, por causa da época do lançamento do livro. Mas se o livro fosse escrito nos dias de hoje, inevitavelmente, estas personalidades seriam citadas.

Seguir Fábio Valentim:

Analista de Sistemas e Escritor

Uma pessoa que está sempre disposta a acreditar nos sonhos, no amor e na felicidade até as últimas consequências. Sou proprietário e editor-chefe do Baú do Valentim.

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