O Fenômeno da Orkutização – Parte 1

Ô seu Orkut, estou te seguindo no Twitter! Me segue de volta? E não esqueça de me indicar depois pra galera? Valeu!
Ô seu Orkut, estou te seguindo no Twitter! Me segue de volta? E não esqueça de me indicar depois pra galera? Valeu!

Você que é fã de redes sociais, quem não se lembra do bom e velho Orkut, uma rede social criada pelo engenheiro de software do Google, Orkut Büyükkökten, em janeiro de 2004? O Orkut pode não ser a primeira das redes sociais, mas foi a primeira a ser massificada, a se tornar o fenômeno e a ganhar os holofotes da mídia, inclusive. Até então, socializar-se virtualmente, era blogosferar, criar fotologs, salas de bate-papo, e-mails (mesmo que seja através de correntes), e mensageiros instantâneos (aqui cito, Windows Live Messenger, Gtalk, Yahoo Messenger, entre outros).

Uma relação de amor e ódio, diria…

O Orkut mudou e revolucionou a nova forma de encontrar amigos e ter relações on-line. Facilitou a busca de velhos amigos do colégio, da infância e ainda conhecer pessoas diferentes, através de interesses e gostos comuns. No Orkut, é possível criar comunidades, que foram inclusive a evolução dos fóruns e listas de discussão, onde muitos deles usavam o protocolo NNTP, onde era possível interagir, usando ferramentas como Outlook e Mozilla Thunderbird. Atualmente, este recurso chegou a ser considerado obsoleto e quase não é utilizado, graças às mesmas redes sociais que surgiram, juntamente com Orkut, entre eles, o Facebook.

No começo, tudo era bom e interessante na rede social, com a cor predominantemente azul. Era um grande instrumento de trocas de informações, além de encontrar novos e velhos amigos. As comunidades tinham um intuito mesmo de desenvolvimento social e tinham um certo poder de influência para a sociedade. Era usado amplamente nas empresas, escolas, universidades, condomínios, clubes, bairros e tinham um certo grau de seriedade no uso dessas comunidades e ajudavam ainda para solucionar diversos problemas, organizar eventos e encontros ou até mesmo para promover um certo debate ou conversa entre amigos.

Com o sucesso e a massificação da rede social do Orkut, surgiram também problemas, que incomodaram tantos para os especialistas que desenvolveram a rede social, quanto para os usuários, principalmente. Dentre as mazelas, incluem-se as falhas de segurança exploradas pelos hackers, que roubavam perfis e comunidades. Além disso, as correntes, que antes eram estritas aos e-mails, pois foram de lá que surgiram essa famosa maldição da internet, migraram também para as redes sociais, primeiramente para o Orkut (quem não se lembra da história do mamute, a mais famosa de todas as correntes na época?). Boa parte destas correntes vinham com links contendo vírus. Isso sem falar da onda de fakes (perfis falsos), que querem apenas fazer números, não pensando no principal intuito de criar relações sociais. Outro fator que também pode ser considerado mazela do Orkut é o fator “espionagem”, ou seja, as pessoas passaram a espionar, julgar e difamar as pessoas, e inclusive, criando comunidades, como forma de atacar, provocando sérios prejuízos e danos morais e materiais à vítima da difamação ou do que podemos chamar de bullying virtual.

Quero ser a garota mais popular. Me escreva um depoimento e me mande muitos scraps!

 

E finalmente há muitos que preferem fazer números, ser popular, fazer bastante amigos, para ser popular, para chamar atenção e ser a garota mais popular da escola, o que seria meramente uma ilusão, pois a fama dentro da internet quando é obtida de forma imprópria, passa a ser passageira, mas isso é assunto para outro post. Até mesmo entre amigos, muitos pedem e até mesmo exigem, sob ameaça de deletar da lista de amigos, que escrevam um testemunho ou para mandar um scrap lindo e amoroso, somente para dizer simplesmente “tenha uma ótima semana”, como forma de obrigação, somente para ter uma certa ilusão de que é uma pessoa “popular e amorosa”, apenas com o intuito de massagear o seu ego.

Muitos invadem os scraps alheios implorando (isso mesmo, implorando) pela “amizade”, somente como forma de se fazer números e mostrar que tem muitos amigos e que é “popular”, mas aí não é assunto para analistas de sistemas resolverem, é para psicólogos. E com esses diversos incômodos e pertubações, em que o Orkut passou a entrar em decadência, primeiramente com uma onda de orkuticídios, onde as contas são deletadas por pessoas, que se cansaram dessas citadas mazelas do Orkut. A partir daí, muitos migraram para outras redes sociais, deletando as contas do Orkut ou deixando inativa (como é o meu caso). O Orkut, que tinha bons recursos para serem uma rede social bastante integrativa e socializável, passou a ser o motivo de dor de cabeça.

Mas uma simples migração para as redes sociais resolvem o problema das dores de cabeça que sofreram no Orkut? A resposta é não! Outras redes sociais passaram também a ter os mesmos problemas que tiveram o Orkut, é o que vamos ver no próximo artigo. Ainda assim, mesmo com a tão fadada decadência, o Orkut ainda é bastante utilizado, especialmente em camadas mais populares da sociedade brasileira, o que de longe deixará deixará de existir ou se tornar uma coisa do passado, mesmo com a criação de outra rede social da mesma empresa, o Google Plus.

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Analista de Sistemas e Escritor

Uma pessoa que está sempre disposta a acreditar nos sonhos, no amor e na felicidade até as últimas consequências. Sou proprietário e editor-chefe do Baú do Valentim.

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