Imagine a situação em que você passa perto de alguém, ou de alguma coisa, e de repente ficamos namorando um bom tempo, passamos a gostar mas daquela pessoa, ou daquela coisa, e com tempo, com o desenrolar desse namoro, passamos a gostar ainda mais. Você percebe que tem ganhado mais alegria e felicidade àquela pessoa, e ainda, começamos a ter apego a aquilo que amamos e que tanto desejamos. No entanto, acontecem problemas, tristezas e decepções e ainda estamos nos apegando. Aquela pessoa te decepciona, te maltrata, te trai e você ainda tem seu apego, mesmo assim, não quer admitir viver sem aquela pessoa.
Ao contrário do que muitos pensam, o apego, assim como ciúmes, é uma faca de dois gumes. Precisa ser bem dosado, para não ocorrer grandes feridas emocionais. O apego não é ruim, pois mostra o carinho e amor por aquela pessoa ou aquela coisa, mas o problema ocorre, é quando o apego se torna excessivo e até mesmo doentio. O apego excessivo por uma pessoa, seria facilmente comparado ao vício, se é que o apego excessivo não se chama vício, propriamente dito. Isso é o resultado da falta de maturidade amorosa, falta de amor próprio, que deve ser bem exercitado, continuamente.
Bom, cheguei a falar sobre apego aos bens materiais. É comum ouvir dizer que as pessoas possuem objetos que possuem o valor sentimental, que mesmo comprando outro exatamente igual, a pessoa não irá se conformar ou se satisfazer, que realmente aquele, justamente por ter valor sentimental, ou seja o quanto a pessoa é apegada aquele objeto. Se apegar a bens materiais, é um sinal de fraqueza afetiva. Bens materiais e o dinheiro, inclusive, se deterioram, acabam. O que ficam, são as pessoas que amamos e achamos importantes, ou seja, ter apego ao que nos faz bem, não ao que nos faz mal, mesmo que no passado, essa coisa tem dado uma grande felicidade e alegria em sua vida. Não podemos nos apegar ao nosso passado, precisamos pensar no presente, para construir o nosso futuro, pois é lá que está o sentido da nossa vida.
Portanto, é preciso sim, praticarmos o desapego. Praticar o desapego, significa ter o amor próprio, se valorizar. Quando nos desapegamos aos bens materiais, passamos a ser conscientes das coisas e da vida, passamos a ser mais caridosos, livres de qualquer vício. Quando nos desapegamos às certas pessoas, estamos permitindo que as pessoas que te valorizem mais, pois se tem apego por aquela pessoa que te maltrata, enquanto não se desapegar, ela jamais irá te valorizar. Praticar desapego, é mostrar que você custa caro, que é uma pessoa de valor, e que não se vende por nenhuma mesquinharia, mas vale lembrar que se ama aquela pessoa, logo tem o apego, mas não pode deixar isso tomar conta totalmente. Por fim, é praticando o nosso desapego ao que nos faz mal e nos apegando ao que nos faz bem, nós encontramos o verdadeiro sentido para a nossa vida.
Entenda que as pessoas mudam, tudo muda, mas o amor é que não pode mudar, principalmente o amor próprio. Não se pode fazer o tempo parar, é preciso conviver com as mudanças, compreender que tudo isso é para o seu crescimento e para o seu valor. A vida é um presente, não é passado e precisamos nos apegar ao nosso presente, pois é o presente que faz bem a nós mesmos, que nos faz enfrentar terríveis tempestades. Enquanto estivemos apegados ao nosso passado, nós nunca chegaremos ao nosso lugar, até que sejamos atropelados pela vida, levando ao sofrimento irreparável, ou seja, ao fundo do poço, mergulhando no precipício. Que possamos nos mergulhar em nós mesmos, encontrando a nossa felicidade e a paz dentro de nós, não em terceiros.