Os Lamentos do Passado

Devemos nos lamentar com o passado, esquecer o passado ou aprender com o passado?
Devemos nos lamentar com o passado, esquecer o passado ou aprender com o passado?

Devo imaginar que muita gente como eu, tinha sonhos e desejos, durante a infância e a adolescência, de terminar os estudos e ser um grande engenheiro, medico, juiz ou qualquer outra profissão legal, que possa inspirar futuramente os nossos filhos. Sei que muitos desejaram estudar e trabalhar muito para ter um alto salário, bastante elevado e satisfatório, ao ponto de poder comprar uma casa ou um carro. Imagino pessoas que queriam uma bolsa de estudos no estrangeiro, para ter um grande destaque no mercado de trabalho em seu país, ou até mesmo no estrangeiro, para fazer grandes feitos e realizações, que fazem encher de orgulho, nossos pais, nossos filhos e as pessoas quem mais amamos. Poderia imaginar também que você tinha uma vida estável, confortável, que conseguia viver bem, e era muito feliz com que tinha, antes de todo e qualquer acontecimento ou caso que o fez viver se lamentando pelo que aconteceu. Pode ser por meio de uma fatalidade, ou por conta de erros que aconteceu. A maior parte dos casos dos lamentadores, inclusive eu me incluo nessa, se lamentam do passado, por conta de erros e escolhas que fizemos no passado, ou seja, as famosas escolhas erradas, que foram decididas por meio de impulso ou decisões muito precipitadas, que nos fizeram entrar no fundo do poço. Claro que a gente se arrepende depois, e retoma para a nossa vida, mas lembremos que nada igual a como era antes. Quantas oportunidades nós perdemos e jogamos fora, pelo simples fato de fazer escolhas e tomar decisões, que nos levaram a entrar no fundo do poço?

Eu, por exemplo, eu poderia estar com diploma de uma das melhores universidades do país, ter concluído a pós graduação e ainda ter um emprego que sempre quis, podendo inclusive estar com a minha casa própria e até aprenderia a dirigir e ter meu próprio carro. Eu teria uma vida que eu sempre sonhei, quando eu era jovem, com uma vida bastante confortável e faria parte do seleto “clube do bolinha”. Eu poderia ter convivido e me casado com uma mulher linda e equilibrada e que possa ter uma família de verdade, ao invés de permitir que meus filhos sofram. Teria dedicado mais aos meus projetos pessoais, sejam eles de tecnologia ou de artes literárias e musicais, mas deixei de fazer muitas coisas por conta de escolhas, por conta de uma sequência de gravidez não planejadas (não gosto de chamar de indesejadas, pois só é indesejada para quem quer se livrar da criança de qualquer jeito, vendo a mesma como um peso, um erro), e de um casamento frustrante e fracassado, bem como a grande crise na minha família, com os meus pais e os meus parentes, que me fez me distanciar cada vez mais deles, e por consequência disso tudo, acabei entrando em uma crise pessoal profunda, que me levou a depressão, além de desânimo na área profissional, pessoal e acadêmica, chegando até mesmo a passar fome, como eu disse mais detalhadamente neste texto.

Em meio a todas essas caras lições, dores, angústias e sofrimentos profundos do meu passado, bem como as minhas frustrações, acabei tendo apenas duas escolhas: ou eu fico lamentando o passado, ou eu tenho que aprender com o passado e seguir em frente. São as duas escolhas que vão me determinar como será o meu futuro, a minha vida e como eu serei no amanhã, pois a mesma decisão que vou tomar hoje, será o que vou ser amanhã. Entretanto, existem pessoas que dizem de forma vazia de que devemos esquecer o passado, apagar todas as nossas lembranças ruins. Esquecer simplesmente por esquecer, não deve ser uma solução, pois volta e outra, ela sempre irá a torna, mesmo que eu arrume as malas e mude para um país muito distante, pois mesmo assim, mesmo que a gente consiga, esquecer, a gente não consegue esquecer de fato. O que ocorre mesmo é que transferimos as nossa lembranças ruins para o inconsciente, em outras palavras, varrendo a sujeira para debaixo do tapete. As formigas e outros insetos sempre saberão que ali haverá a sujeira, por mais que você esconda, mas um dia, toda essa sujeira irá a tona e descoberta, podendo trazer problemas ainda piores. Simplesmente esquecer não resolve o problema, simplesmente está adiando a quitação da dívida. Logo, fico com as duas opções plausíveis: lamentar o meu passado ou aprender com os erros do meu passado e seguindo em frente.

Suponha que eu fique com a opção de viver lamentando o passado, dizer a todo mundo de que fui um pobre coitado, maltratado, que a vida foi muito injusta comigo, que eu não merecia nada do que tenha acontecido comigo. Eu que tanto lutava pelo amor, acabei tendo o mesmo amor se transformando em o pior dos meus venenos, que não me alimenta, simplesmente me destrói. É comum muitos dizerem e afirmar que quem não chora, não mama, pois de alguma forma, alguém vai me consolar e vai ver o quanto eu sofri. Mas portanto, quando a gente opta em sermos simplesmente coitadinhos, implorando por socorro e ajuda, sem nada podendo fazer, simplesmente ficando de braços cruzados, como uma princesa do conto de fadas a espera do resgate do príncipe encantado, nem sempre é a melhor saída. Lembremos que a maior causa dos nossos sofrimentos somos nós mesmos, por nossas próprias escolhas e decisões, ainda que erradas e mal pensadas, a ponto de querer transferir para o outro, a responsabilidade dos nossos problemas. Isso nos faz jogar fora, a chance de nos transformarmos e evoluirmos, e seremos sempre dependentes dos outros, pois nem sempre iremos nos deparar com o bom samaritano, sem termos a chance de caminhar com as nossas próprias pernas.

Suponha que eu fique com a opção de aprender com os erros e seguir em frente. De que não faz sentido tentar esquecer ou viver lamentando pela vida. Os sofrimentos e as dores da vida são a grande oportunidade para sermos fortes e evoluídos. Optando para aprendermos, é uma opção para gente nos tornar vencedores e felizes, optando para aprendermos com esses erros, a gente entende que nós temos mais maturidade e sabedoria e não temos mais esse direito de cometer este erro novamente, pois isso irá ficar gravado em nossa alma, para todo sempre e poderemos ensinar com mais afinco, aos marinheiros de primeira viagem, como a nossa experiência ruim ajudou a me fazer crescer e a ser forte e vencedor, estimulando aos outros jovens a seguirem o caminho mais corretamente. Lembremos que não existe tesouro mais valioso do que a sabedoria, pois ela nos mostra do que nós somos capazes, do que podemos ser vencedores. As dificuldades são a melhor forma de conhecermos a nós mesmos, pois de nada adianta responsabilizar as outras pessoas para querer se vingar ou fazer coisa parecida. Devemos inclusive aprender com os nossos erros e vencer os nossos inimigos internos que nos fazem entrar nesta dificuldade e na lama da vida, que nos envenena, pois a vida é o seguir em frente, e não ficar parado.

Portanto, ao invés de ficar lamentando o nosso passado, devemos inclusive tirar este momento para refletir e pensar, sobre o que eu fiz para merecer isso, caso não seja eu mesmo a causa deste sofrimento, a gente deve saber como devemos sair desta situação, pois se nós conformarmos com este sofrimento, acabamos também tendo uma certa responsabilidade sobre este problema. É preciso acima de tudo, termos a humildade, a gentileza e solidez para termos o sucesso com a aprendizagem do passado, e claro, sermos sincero inclusive conosco mesmo, sem nos enganar ou fingir que foi tudo bem. Devemos sim, fazer a nossa reforma íntima, nos esculpimos e nos transformarmos, sermos verdadeiros e simplesmente, sermos nós mesmo. Devemos aprender com nosso passado, conhecer o nosso passado, para construir um brilhante futuro. Aliás, o homem só envelhece quando substitui os seus sonhos pelas lamentações.

Seguir Fábio Valentim:

Analista de Sistemas e Escritor

Uma pessoa que está sempre disposta a acreditar nos sonhos, no amor e na felicidade até as últimas consequências. Sou proprietário e editor-chefe do Baú do Valentim.

Últimos Posts de