Por Que Sofremos?

Logicamente, não escolhemos sofrer, mas é importante saber lidar com o mesmo sofrimento para superarmos e nos tornar uma pessoa melhor. Somente o sofrimento nos faz ver a vida de outra forma.
Logicamente, não escolhemos sofrer, mas é importante saber lidar com o mesmo sofrimento para superarmos e nos tornar uma pessoa melhor. Somente o sofrimento nos faz ver a vida de outra forma.

Ao longo de nossas vidas, vivemos perguntando, por que sofremos, por que temos que sofrer e por que a vida é tão injusta.  Perguntamos tanto sobre o assunto que acabamos vivendo como pobres coitados, vitimas do acaso e ainda achamos que não temos responsabilidades sobre o nosso sofrimento. Ficamos muito preocupados com o nosso sofrimento, focados apenas no nosso sofrimento, até sermos sufocados e devorados pelas mesmas lamentações que tanto queremos, esquecendo totalmente do nosso futuro. Ficamos muito focados em nossas dores e aflições, até elas dominarem totalmente todo o nosso ser, pois mesmo depois da morte, ainda sim, vamos continuar sentindo as mesmas dores. Ficamos muito focados em poças de lama na qual caímos e acabamos esquecendo às vezes do jardim florido que pode estar ao nosso redor. Mais importante do que tentar entender o real motivo do nosso sofrimentos e levantar culpados, muito mais importante que viver se lamentando pelo mesmo sofrimento, devemos acima de tudo, sair dele, nos libertar dele e procurar a nossa paz que não tem preço.

Mas respondendo a nossa pergunta, por que sofremos? A resposta é simples: sofremos simplesmente por conta das nossas escolhas. Mas como? Isso é um absurdo! Não é! É por conta das nossas escolhas que passamos pelo sofrimento. Vamos ao exemplo clássico: imagine um país governado pela massa corrupta, que adquire mais e mais dinheiro, enquanto a população sofre com carência da saúde, educação e infraestrutura. De quem é a culpa? Por que a mesma população sofre? Outro exemplo: uma jovem que quer passar no vestibular de medicina, que vivia muito em baladas, mas não estudava muito e acabou sofrendo as terríveis consequências ruins nas relações familiares. De quem é a culpa? Por que ela acabou tendo problemas familiares e sofrendo com isso? Vou dar a minha opinião a respeito disso: no primeiro caso, o país é governado pela massa corrupta, pela escolha do povo, porque foi o mesmo povo quem pôs eles lá no poder. E se for caso uma ditadura, um golpe de estado? Se você olhar para a história, grandes golpes de estados, ainda que seja pela violência e força bruta, se deram pela conveniência e apoio popular, além da omissão da própria população. Ainda sim, continua sendo a escolha do povo, pois uma revolução (ainda que golpe de estado seja interpretada como revolução), não ocorre sem apoio popular, pois uma andorinha não faz verão. Vamos ao segundo caso: ela poderia ter escolhido largar as baladas e se dedicar aos estudos, para passar no vestibular, mas ela sofreria da mesma forma, de isolamento social, por exemplo, o que faria muitos a desanimarem. Ainda assim, problemas familiares serão evitados, se tiver sucesso no vestibular de medicina, que seria teoricamente, um sofrimento menor. Vamos ao outro exemplo: uma pessoa constrói uma casa em um sopé de um morro, e destrói toda a mata ao redor. De repente, veio uma chuva forte e cai uma forte erosão que destrói tudo o que ele construiu. Alguns falam que foi uma fatalidade, ou a ausência do estado. Sim, o estado tem a parte da culpa, por escolher não fiscalizar a construção, mas a pessoa que a construiu tem a responsabilidade maior, por construir a casa naquelas condições, pois um bom construtor conhece dos riscos de se construir um imóvel nestas condições. Então, foi por escolha dele, ele poderia construir em outro local mais seguro.

Mas há aqueles sofrimentos causados por atos de terceiros, o que muitos julgam não depender de nossas escolhas. Um exemplo clássico é você pegar um ônibus com um motorista imprudente com as normas de trânsito. Sim, você não sabe que ele é imprudente, mas este mesmo motorista, imprudente com o trânsito, causa acidente muito grave e você fica tetraplégico. É um sofrimento doloroso, admito. Mas ainda sim, foi escolha dele, pois ele escolheu pegar aquele ônibus. Pronto! Aí vai me dizer que enlouqueci de vez. Mas se parar pra pensar, vai reparar que isso tem um fundamento, um propósito. Embora seja o motorista, o responsável pela escolha em não respeitar as normas de trânsito, e o culpado, a gente entende que são as nossas escolhas que fazem e constroem o nosso propósito. Mas vamos ao outro exemplo: um jovem problemático que viveu a vida toda sendo rejeitado pelos seus pais, desde a gravidez, que houve inclusive tentativas de aborto. Este jovem nunca teve bom relacionamento com seus pais, sempre foi conflituosa. Mas por que este sofrimento do jovem? Isso foi da escolha dele? Em verdade sim, pois ele poderia procurar meios de apaziguar o sofrimento, tendo o dever de obediência e silêncio, por exemplo. Mas os pais também sofrem com isso, com essa aversão e nojo que tem do seu filho, por achar que não passam de um peso em suas vidas. Também digo que foi pela escolhas dos pais, por eles não derem nenhum pouco de amor e carinho por esta pessoa, que muito necessita. Ele poderia escolher também sair daquele ambiente familiar hostil, mas ainda sim, ele terá que arcar com outras consequências e sofrimentos que séria muito pior do que viver neste ambiente familiar hostil. Mas uma vez digo, tudo é uma questão de escolha. Eu poderia citar muitos outros casos a respeito, para compreender melhor a temática do sofrimento, mas não caberiam em um único texto. O importante é salientar que são as escolhas que são principal fator para enxergamos melhor as nossas dores, sofrimentos e aflições.

Enfim, qual mesmo é o objetivo do nosso sofrimento? Sim, essa é a pergunta mais correta. Não devemos ficar pensando no real motivo do sofrimento, não devemos ficar pensando nisso, mas devemos procurar entender o real objetivo do nosso sofrimento. A resposta é simples: para o nosso crescimento e para a nossa maturidade e principalmente, para o nosso aprendizado. Sim, mesmo uma pessoa tetraplégica do acidente de ônibus, que citei anteriormente, ainda tem algo na aprender, pois a vida é um constante aprendizado. E nada mais gratificante do que poder ensinar o que aprendeu, dando o sinal de sabedoria, e portanto, ajudará muitas pessoas a crescerem e superarem. Eu portanto sofri muito nos últimos anos, mas tive um aprendizado e acabei me tornando uma pessoa forte e madura, às vezes bem mais madura que muita gente 10 ou 20 anos mais velha que eu. E acabo passando muitas coisas boas a ensinar. E com a minha evolução, isso acaba refletindo fortemente nos textos do Baú. Basta ler os meus primeiros textos deste blog, escritos em 2005 e 2006, e comparar com os textos mais recentes. O sofrimento, embora tenha causado muitos prejuízos e atrasos em minha vida, no final acabou fazendo bem, quando eu decidi superar os mesmos sofrimentos.

Resumindo tudo isso, sofremos por nossas escolhas, e sofremos para crescer e aprender, agora como poderemos lidar com o nosso sofrimento, isso é de cada um. Mas sei que é complicado superar tudo isso, mostrando um sentimento de paz e lucidez de espírito, dando uma sensação de que podemos dizer “sobrevivi”, sem nenhuma gota de ressentimento, mágoa, amargura, ódio ou rancor. Penso que a grande arma para superarmos o nosso sofrimento é perdoar a si mesmo e aos outros que a causaram direta ou indiretamente. Quando a gente deixa de praticar o perdão, e passamos a nos envenenar pela vingança, ódio, rancor e ressentimentos, acabamos ainda prolongando o nosso sofrimento, a nossa dor e a nossa angústia, que enquanto a gente não tomar essa atitude de reconciliar consigo mesmo e com próximo, o sofrimento jamais irá acabar e jamais encontraremos a paz.
Seguir Fábio Valentim:

Analista de Sistemas e Escritor

Uma pessoa que está sempre disposta a acreditar nos sonhos, no amor e na felicidade até as últimas consequências. Sou proprietário e editor-chefe do Baú do Valentim.

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